quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Filho do Sertão

foto tirada no Estado de Alagoas em 2008.



Filho do Sertão

Moro no agreste,
Onde a água é escassa...
Do Brasil o Nordeste,
Calor que não passa...
Só cabra da peste,
Insiste na raça,
Não ir pro sudeste
Tentar outra graça...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Aquela velha figueira

(Na foto uma figueira na cidade de Torres-RS, em janeiro de 08)



Aquela velha figueira
No alto daquela coxilha,
Já foi sombra em outros tempos
Para heróis farroupilhas.

Aquela velha figueira
Plantada em seu altar,
Já foi testemunha da história
E o tempo esqueceu de levar.

Aquela velha figueira
Um dia já foi semente,
Hoje é um marco esquecido
De um futuro diferente.

Que aquela velha figueira
Nos sirva de inspiração,
E com o rebrotar de seus galhos
Rebrote em nós o amor por este chão.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Bolicho do Mozo




Ali na beira da estrada,
Num rancho que também servia de morada,
No distrito de boca da picada, município de Jaguary,
Existia um bolicho
Onde, nos domingos, era aquele reboliço
Da peonada a conversar,
Uns lá fora, que gostavam do retoço,
Ficavam jogando osso
Numa sombra de “sinamão”,
E o cabo Di, índio veio mui gritão,
Apostava ser parar...
Ganhava um pouco, até se emborrachar,
Mas depois perdia tudo num “culo”, baita azar.
Outros perto do balcão,
Onde tinha farto sortimento,
Canha pura ou misturada
E uns “legumes de porco” atados nuns tentos.
E numa mesa ali do lado
Ouvi um verso de amor...
Era um gaúcho apaixonado
Jogando truco e cantando a flor!
Entre um trago e outro de canha,
De vez em quando até uma china se assanha...
E o bolicheiro de bigode e costeleta
Bem pintada de preta com graxa de sapato
Com uma cara de quem marca na paleta,
De quem sozinho tira boi do mato,
Vai enrolando seu palheiro,
Nos dedos a agilidade de gaiteiro
E fica ali, olhando trigueiro,
Dá prá ver no fundo dos seus olhos
Que o índio não é mui hospitaleiro.
Mas bolicheiro tem que manter o respeito do lugar,
Se a cara for muito boa
A freguesia é capaz de não pagar...
E como tudo nessa terra tem seu encanto
Neste bolicho, eu lhes garanto,
Era a filha do dono do armazém,
Mais linda que uma pastagem de azevém,
Com cheiro de flor de pitanga,
Capaz de transformar peão em boi de canga,
Mas mexer com ela não convém...
O pai é um xerife e a mãe, pior que um sargento,
Acho que só a velha já afasta investimento,
Uma dona meio retaca, com uns braços de polenteira,
Só um tapa dela é pior que estalo de soiteira...
E ainda mui metida,
Do tipo mandona e casamenteira,
Que ficava com um nojo do patrão
Quando pegava a oito baixos gemedeira...
Ter que aturar uma dessas como sogra
É muito sacrifício pruma vida inteira...
E sacrifício o peão já tem de sobra,
Na lida do campo, serviço pesado,
Mas mesmo “ansim”, quando me sobra uns trocados,
Eu boto tudo de lado
E volto praquela bodega,
Pois a coisa que mais me alegra,
Que me deixa enfeitiçado,
É poder tomar um trago
Neste verdadeiro retrato da campanha.

* algumas palavras tem grafia errada propositalmente para soarem de forma parecida com o linguajar do bolicheiro...
* “sinamão” é uma árvore cujo nome popular é sinamomo
* “legumes de porco” significa derivados de porco, tais como salame, presuto, lingüiça... (era assim que o bolicheiro chamava)...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Silêncio!


Foto do por do sol em Garopaba-SC, em 10/02/09.





Como é bom passar alguns minutos ausente...
Ah, o silêncio, o silêncio é tão eloquente...
Só ouvindo os sons da natureza...
Sem os ruídos e preocupações de gente...
Bastam alguns minutos, alguns breves instantes,
Longe dos falantes...
Sem ter o olhar atento,
Apenas sentindo o sopro do vento,
Cheirando o ar, cheiro de terra, cheiro de mar...
É o paraíso, ali parado, pronto para ser desfrutado...
Tempo de sonhar, tempo de voar.

Antoninho Faz Tudo

Neste post a música Antoninho Faz Tudo, que retrata a vida de Antonio Costa da Silva, um faz tudo, que viveu no século passado em Santa Maria-RS. Segundo reza a lenda (ou verdade) Antoninho era um inventor, estilo professor pardal, que criava de tudo, até canhões e avião, e também inventara uma prensa de cunhar contos de réis, que seriam idênticos aos confeccionados na casa da moeda na época. Segundo histórias (ou estórias) pessoas teriam enriquecido e até comprado estâncias com dinheiro do Faz Tudo... porém isso nunca saberemos... A letra da música é de minha autoria, os arranjos e melodia são de Jairo Silva, quem canta é Adams Cezar.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Verdade!

Meu 1974!


Para falar a verdade
É preciso ter coragem,
Abdicar da vaidade,
Despir-se da camuflagem.

Para ouvir a verdade
É preciso ter paciência,
Aceitar a adversidade
Em sua simples transparência.

Mas as verdades podem ser divergentes,
Eu tenho a minha e você tem a sua...
Verdade. Nua e crua!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Poesia ou pintura?




Um poema é como uma pintura
Só que ao invés de pincel
São usadas palavras
Às vezes rimadas, às vezes desconexas,
Ora simples, ora complexas...
Como o artista ao pintar uma tela
O poeta nas frases se revela...
Uma aquarela de letras
De todos os tons,
Um emaranhado de idéias
Saindo do papel como sons...
E como a pintura que encanta o olhar
A poesia é livre e solta no mar...
E nas ondas da paisagem
Em nossos ouvidos vem sussurrar.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Resultado final do concurso literário Valdeck A. de Jeus

Na foto (com filtro de pintura do photoshop) eu e a Maitê na praia da Silveira-SC, em 2005.

Recebi ontem (03/02/09), por e-mail, a classificação final do concurso literário Valdeck A. de Jesus, do qual participei com o texto "Dois=Um" (tem o texto e o áudio em dois posts distintos aqui no blog). Fiquei em terceiro lugar com nota 9,6, dentre centenas de textos concorrentes!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Doação de órgãos

foto de nuvens em Garopaba-SC, em 31/01/09.



Doação de Órgãos

Não sei se você sabe...
Sim, é claro que sabe!
Você pode ser um salvador,
E isso não te custará nada
Um simples gesto de amor!
A vida é tão engraçada...
Uns tem muito, outros nada...
Mas tanto o pobre quanto o rico
São iguais quando vão para a eterna invernada
Porém, a maioria leva consigo...
Mesmo na morte a vida...
Sei que agora você já entendeu
E vai entrar nesta partida
Para ser um herói na hora derradeira
Deixando de lado preconceitos, besteiras...
E será, como eu, um doador
Pois chegará o momento que seus órgãos não mais lhe servirão
Mas um pouco (ou muito) de você viverá...
Em alguém baterá forte seu coração...
Encherá de ar novo peito o seu pulmão...
Com seus olhos outros verão...
E não, isto não é caridade,
É um simples ato de verdade
Que nos faz ser chamados: - Humanidade!